domingo, janeiro 23, 2011

Viver não é "Preciso"

Por Carlos Moreira

Navegar é preciso, viver não é preciso”. Fernando Pessoa. 

A primeira vez que ouvi esta frase foi na música de Caetano Veloso “Os Argonautas”. Segundo a mitologia grega, Argonautas eram tripulantes da nau “Argo”, uma embarcação que partiu numa expedição em busca do vale do ouro que se encontrava na cidade de Cólquida, localizada na fronteira entre a Europa e a Ásia.

Por conta dos riscos inerentes a viagem, um arauto foi enviado por toda a Grécia com o intuito de atrair heróis para a dificílima empreitada. Em alguns meses, 50 deles se apresentaram no porto para embarcar, homens de grande renome e valor.

Se eu fosse interpretar a frase de Pessoa, a partir do mito, poderia afirmar que a coisa mais importante da vida é navegar, desatracar do porto, deixar o cais, lançar-se ao mar, ao sabor do vento, da dança das velas, ser levado pelas marés e correntes. Viver sem navegar não seria viver, mas apenas existir.

Contudo, para interpretar a frase – “viver não é preciso” – que está na poesia, é mister entender que a palavra “preciso” não foi usada no sentido de algo necessário, mas relacionada à “precisão”, ou seja, Pessoa nos ensina que navegar é algo seguro, regido por cartas náuticas, pelas estrelas, pelo aviso dos faróis, e que viver, ao contrário, é algo imprevisível, impreciso, pois a vida não se sujeita a cálculos, nem a rotas, nem a mapas. 

Os anos me ensinaram, como um velho “marujo”, que existem duas formas de se viver a vida cristã. A primeira é achando que somos “heróis gregos” arregimentados pelo “capitão da nau” para empreender uma expedição pelos mares revoltos da existência em busca de receber, ao final, a “coroa de ouro”.

Tenho encontrado pessoas que acham que seguir a Cristo é algo como fazer parte de um exército, com regras rígidas, disciplina apurada, rigores acéticos, estéticos, restrições e proibições de toda sorte. Este tipo de cristianismo acaba desenvolvendo uma espiritualidade doentia, pois coloca sobre os ombros um fardo que não se pode carregar, estabelece um padrão de comportamento inalcançável, leva-nos a tentar existencializar as filosofias dos epicureus e dos estóicos que buscavam a ataraxia – a morte do “eu”. Ora, isto não é o Evangelho, mas uma distorção profunda do que ensinou Jesus! Surpreso?! Não me diga... 

Por outro lado, a uma outra alternativa de espiritualidade que produz um viver mais livre, solto, pois leva-me a abraçar o “fardo” de Cristo, que é leve e suave. Quando reconheço a imprecisão da vida, que as circunstâncias não são encadeamentos lógicos, sistêmicos, leis e regras imutáveis, que Deus não tem como objetivo último me adestrar, ou domesticar, robotizando-me, serializando-me, mas que a Sua graça me basta, pois Seu poder se aperfeiçoa, justamente, nas minhas falhas, fraquezas e inconcretudes, passo, então, a viver livre do fardo da religião, que asfixia e produz simulacros existenciais. 

Quando sou fraco então é que sou forte”, pois na minha fraqueza reconheço a ação de Deus e constato que o que há em mim de bom não é obra de um programa de desenvolvimento espiritual, meritório, baseado em obras, mas fruto do Espírito Santo gerado em meu ser unicamente pela fé. E assim tomo consciência de que meu “homem interior” está sendo renovado pela Palavra de Cristo, a qual produz uma nova consciência, um “olhar” diferente sobre os matizes da vida e as idiossincrasias do mundo. É esta nova forma de pensar e agir que me permitirá discernir o que é bom e o que faz o bem, daquilo que entorpece o ser, destrói a alma, petrifica o coração, insensibiliza-me ao outro, torna-me um ser egocêntrico.

Eu não sei por quais “oceanos” você tem navegado. Nem sei como é o “timoneiro” do seu barco. Mas reconheço que em nosso meio temos estas duas opções de experimentação religiosa. Que cada um, segundo sua liberdade e consciência, faça suas escolhas. O que a vida de “marujo” tem me ensinado, nestes 30 anos navegando pelos “oceanos” da vida, como dizia a velha canção, é que “com Cristo no barco tudo vai muito bem, e passa o temporal”.
Fonte: Genizah

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Despedida

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e "depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. 

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. 

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo".

"As Rosas Exalam o Perfume de Ti, Sinto-te Sempre ao Respirar. Que seus olhos Jamais Fiquem Tristonhos !!!!!!!

Rubem Braga

domingo, janeiro 16, 2011

MINHA BUSCA, MEUS ANSEIOS

Acordei triste pesaroso como se minha vida estive hoje não melhor que ontem, na maioria das vezes nada melhor que um dia após o outro para curar as marcas que o hoje nos casou, sinto-me às vezes como uma criança perdida em meio à multidão chorando por que soltou das mãos de seus pais.
Na verdade sinto-me perdido na busca alucinada do desconhecido, penso que na verdade o desejo do desconhecido às vezes causa-me dor e incerteza, sinto – me nessas horas incapaz, de saber, de ser ou de agir, é como se toda essa minha busca por felicidade às vezes limitasse o meu agora.
Quando olho ao meu redor: dor, tristeza, agonia da perda, dor da separação eterna, meu Deus quanto caos, quanto sofrimento. E por muitas vezes a minha busca e os meus anseios se perdem o que seria a causa de tanta destruição?
Sabe hoje me sinto triste não porque a minha busca cessou mas porque me faltam às palavras, me falta o desejo de prosseguir ao ver ao meu redor tamanha tristeza, me sinto incapaz por desejar tanto o desconhecido, o ápice de toda a felicidade, quando na verdade a realidade de tantos é o sofrer não quero me perder em meio aos meus anseios.
Desejo que minha busca não limite os meus sonhos, que não me torne insensível, não quero alcançar o auge, saber que fui realizado porem nunca completo.Não quero que minha vida seja em vão quero entrega - la  por algo do qual eu tenha certeza de que realmente valeu a pena não quero desprezar o dom de viver, simplesmente quero ser lembrado por alguém que fez o bem a alguém, que agradou o coração de Deus e não desprezou a sua vida por coisas vãs, efémeras, inúteis e desprezíveis.
A minha busca não cessa, porem o meu anseio é se entregar e fazer o que for preciso pra que outros possam viver, meu anseio é por poder trocar lágrimas por sorrisos, abraçar o aflito me compadecer do necessitado, levar paz e esperança aos oprimidos de coração, oferecer auxilio e socorro aos sobrecarregados, curar a dor da alma através do sangue e da Cruz de Cristo, é fazer com que minha alegria se complete em ver outros felizes.

Soli deo Gloria

William Longo


sábado, janeiro 01, 2011

Ano Novo x Vida Nova

Quantas vezes eu já ouvi essa frase: ano novo vida nova.
Por mais que eu me recuse a aceitar ate mesmo eu já disse essa frase, ora quem já não disse essa frase que hoje é uma das frases mais ditas por todo o mundo.
Hoje 01/01/2011 quem diria que chegaria-mos a tanto alguns afirmavam que a vida se findaria no ano 2000.
Sabe porem o que mais me intriga e me assusta é a tal da frase ano novo vida nova, eu não consigo entender como temos a capacidade de fazer promessas em datas como essas, quantas pessoas começam o ano dizendo vou fazer isso aquilo, não vou mais fazer isso ou aquilo outro.
É fácil afirmar certas coisas o difícil é ter a capacidade de agir da mesma maneira do falar eu to cansado de tantas promessas eu prometi a mim mesmo que não vou mais ficar fazendo promessas.é tempo de encarar os fatos eu não preciso de uma data ou ocasião especial pra determinar as minhas mudanças, eu simplesmente preciso decidir isso, e por isso em pratica eu não preciso me esconder atrás das promessas de final de ano pra determinar se vou ou não mudar é tempo de acordar pra realidade que hoje bate a nossa porta, a vida não é conto de fadas e nos é que determinamos como vamos passar por ela, quantos de nos temos dedicado tanto tempo a nós próprios e nos esquecendo das pessoas que amamos e que fazem parte de nossa existência e vivemos na promessa de arrumar tempo pra elas, ou quanto de nos gastamos tanto tempo da vida pra perceber que a ausência de amor, afeto e carinho pode fazer toda a diferença, quantos de nos gastamos toda a nossa energia em ser aquilo que na verdade não somos pra impressionar alguém.
Quando na verdade bastaria sermos nós mesmos mais ainda assim vivemos na promessa de mudanças e de uma vida nova.
Olho pra vida hoje com um olhar de desdém, desprezo pelo fato de vivermos com indiferença como se o amanhã bastasse para concertar o hoje, pelo amor de Deus vamos acordar concertar nossos erros não subestime as lágrimas que você já causou em uma pessoa, não á como seguir em frente sem concertar os erros do passado.
Esquecemos que não podemos determinar o nosso futuro estaremos
nós vivos amanhã quem o pode determinar?
Ora mais nos pensamos ter esse poder adiando tudo pra depois, e vivendo na promessa das mudanças, das melhoras.Pobre de nós que esquecemos que a vida se esvai.Não quero começar esse ano com palavras tristes ou desanimando ninguém só quero alertar que a mudança deve começar hoje, deve começar agora.
Portanto se queres fazer promessas que seja eu vou mudar porque assim determinei.
Eu não preciso de uma data especial pra isso eu só preciso de atitude e determinação.
Deus abençoe vc6 e um Feliz 2011.

Soli deo Gloria