sábado, julho 18, 2015

Eu sou a sua casa


Não da pra entender o caos que há dentro de mim, eu poderia tentar explicar os meus "sei la" mas é que sou desajeitado, sou calmaria e agitação, sou brisa mas também sou temporal, dentro do meu mundinho secreto pouco sei de mim, é que quem eu era pouco espaço guardou pra quem eu haveria de ser, mas ainda tem tanto de você aqui, ainda tem tanta coisa sua, é uma pena que ainda não exista nenhum tipo de exame que possa comprovar o que cada um carrega dentro si, já imaginou o raio-x da paixão ou a ressonância do amor? Se bom não sei, mas seria a prova definitiva de que quem ama faz de si morada, é que o amor tem um pouco disso, é que amor é na verdade isso, essa coisa de um morar no outro, dai eu insistir em dizer que amor é quando o coração virou morada.

Mas e quando o coração é morada mas deixou de ser abrigo? 

Eu tenho certeza de que aqui tudo era seu, você tem em mim mais que só um sentimento, eu sou a sua casa, alias, eu quis ser, eu quis te dar o melhor de mim, eu quis ser o seu abrigo.
hoje eu já não sei mais quem eu era porque só me lembro do que fui na tentativa de ser também o meu eu em você, e eu odeio a sensação de já não saber quem eu sou, o que deveria ser porque a vida acontece, ela continua acontecendo, mas aqui parece que tudo insiste em ser da mesma forma, aqui tudo insiste em você.

Mas é que eu insisto em ser casa, abrigo mesmo sabendo que jamais serei sua habitação, eu insisto em ser aconchego, cobertor, calor, carinho, desejo mas eu, é eu insisto, só eu insisto.

Achei que depois das infindáveis idas e vindas do nosso amor, você finalmente iria se convencer que aqui é mesmo e de fato o seu lugar. cheguei a pensar por um momento que você sofreria de abstinência e moveria o mundo pra voltar e enfim morar aqui, e cuidei, sim minuciosamente pra que você encontrasse tudo do mesmo jeito e no seu devido lugar, mas você não veio, é você não voltou.

E hoje eu tô assim, eu tô sei la, eu tô sem rumo, e eu me pego em um silencio insuportável que vez ou outra é interrompido pelo barulho do meu coração que ainda sabe o seu nome, é que aqui até o meu silencio virou grito. 
Ainda é tudo seu, mas o vazio é quem me habita, ainda é você mas eu sei que você não vai voltar, ainda é você, mas a sua vida continua, o relógio não para, o tempo voa, é tudo tão escuro aqui, sem cor, sem sol sem sal é que eu ainda não me acostumei com a sua ausência.

Mas vou dormir, talvez amanhã eu acorde melhor, disposto a colocar um anuncio bem grande daqueles que diz: há Vaga, talvez eu acorde disposto a limpar a casa, a abrir as janelas, deixar o sol entrar e quem sabe eu decida que é hora de pensar em mim, que chegou a hora de saber quem eu quero ser e não mais me sentir perdido por quem eu sou por não ter você.