segunda-feira, maio 11, 2015

Eu queria mais


Não perdi meu filme favorito na TV a cabo, nem mesmo a melhor estreia dos últimos anos no cinema, não perdi aquele ônibus pra felicidade que costumávamos fantasiar que existia, não perdi dinheiro, ou o emprego dos meus sonhos, meus melhores amigos, não tomei um fora, não! não é nada disso.
É que eu tô assim, assim meio sei lá, é daquele jeito, sabe? aquele que você já sabe muito bem, e me recordo das diversas vezes em que eu estava assim e você me dizia tão calma e serena de que tão logo tudo ia passar, e passava, não sei como nem porque, mas passava, alias, passou como tudo na vida vida passa, só o que não passou é essa saudade do que não fomos.
Essa coisa inexplicável que é não suportar a sua ausência, sua indiferença, e como você parece estar assim tão bem e tão melhor sem mim. É terrivelmente assustador saber que eu não to conseguindo lidar com um dia "sei lá" eles me eram tão comum, mas parece que só eram porque eu ainda tinha você, alias eu não tinha, parece uma incoerência de minha parte, mas eu sempre amei aquilo que podíamos ser, talvez apenas pela brevidade daquilo que fomos.
Eu queria muito mais, sabe, eu queria você andando pela minha casa com uma camiseta velha qualquer que você achou no guarda-roupas do quarto ou quem sabe jogada em cima do sofá, queria você abrindo a geladeira reclamando a falta daquele suco que você tanto gosta, ou da marca da minha margarina, ou da textura do requeijão. Eu queria você implicando com a minha arrumação e bagunçando tudo apesar da minha implicância, eu queria cozinhar pra você te olhando discretamente enquanto seus olhos fixos na TV nem percebem o meu estado de contemplação, queria que soubesse que ninguém faz miojo melhor do que eu, e que eu sei pedir a melhor pizza da região, queria dividir meu pote de sorvete napolitano com você e depois te dar um beijo gelado daqueles bem lambuzados e depois de te sujar toda de sorvete dividir o meu chuveiro com você, mas também queria dividir o sofá, a cama, mas você precisa saber que eu fico sempre com o lado esquerdo, alias, por você eu até perderia esse costume, desde que os nossos corpos estivessem sempre colados e entrelaçados, eu queria te colocar no meu peito e te fazer carinho na nuca até você dormir, beijar a sua testa repetidas vezes como quem diz: "relaxa que eu te cuido", eu queria reclamar das tuas crises, do teu ciume, te provocar até você perder a linha, mas te fazer rir bastante só para pode te provocar de novo, queria que você ficasse pro jantar e usasse aquela minha camisa xadrez que já não me serve desde que fosse sua única peça de roupa, queria te acariciar, te fazer cocegas, até faria uma massagem e olha que eu sei fazer uma boa massagem. Eu queria... Eu quis.
Tem tanta coisa que você não sabe sobre mim, tem tanta coisa que eu queria te mostrar, que eu queria te apresentar, que eu queria que você soubesse. Tantas coisas que eu me cobro todos os dias, e essa saudade há essa saudade desconcertante e esse desejo meio bobo, doido e desajeitado me assombra, me bagunça, é que você me bagunça, bagunça minha cabeça, minha memoria, meus neurônios bagunça o meu coração.
Eu não queria te querer tanto, ou sei lá querer tanto aquilo que poderíamos ser, na verdade eu queria e isso me irrita muito, é que hoje é só mais um dia daqueles em que apenas um pouquinho de você como já era comum me faria um bem tão grande.
E eu queria estar aqui quando você voltasse. Eu queria que eu fosse o motivo para você voltar. 
Mas o dia já esta quase terminando talvez isso tudo passe antes mesmo do outro dia chegar.

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